sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A Invenção de Hugo Cabret - Brian Selznick

Brian Selznick


"Quero que você se imagine sentado no escuro, como no início de um filme. Na tela, o sol logo vai nascer e você será levado em zoom até uma estação de trem no meio da cidade. Atravessará correndo as portas de um saguão lotado. Vai avistar um menino no meio da multidão e ele começará a se mover pela estação. Siga-o, porque este é Hugo Cabret. Esta cheio de segredos na cabeça, esperando que a sua história comece."


Depois da morte dos pais num incêndio, Hugo Cabret passa a ficar sob os cuidados de seu tio bêbado, que um dia sai, e nunca mais volta. Órfão, Hugo cuida dos relógios da central de trem em Paris e vive secretamente entre passagens escondidas da estação por medo do orfanato. Tinha consigo uma única companhia: seu caderno. Onde guardava o fato de ser louco por arte e engrenagens, como seu pai, que antes de morrer projetou um autômato, como uma caixa de música, ou brinquedo de corda, só que um tanto mais complexo. Empenhado e sem dinheiro, Hugo começa a furtar uma loja de brinquedos, onde é pego pelo dono que toma seu caderno. Para recuperá-lo, o menino conta com a ajuda de Isabelle, a intrometida afilhada do velho rabugento e na busca, acabam por descobrir enigmas e segredos inimagináveis, viajam por quadrinhos e cinema vivendo a aventura de suas vidas. 

É o tipo de história sobre sonhos que nos faz viajar, nos prende da pequena introdução ao último ponto final, passando por páginas de narração simples mas precisa, de personagens bem descritos com características únicas e ilustrações como se fossem as de Hugo Cabret, ajudando a imaginar seu vasto universo. Ele tem um olhar diferente do mundo e dos fatos, algo mágico. Talvez um olhar que todos tenhamos tido algum dia, mas que se perdeu no tempo com a sobreposição de nossos problemas e nossa correria em nos limitar cada vez mais quanto aos nossos sonhos. Limite esse, que ao fim do livro, descobrimos que não é difícil destruir em nosso cotidiano, já que curiosamente, a história de um dos personagens principais é real: a de George Méliès, um dos percursores do cinema. 

É um dos livros que me faz lembrar porque eu gosto de ler. Como qualquer imaginador e aventureiro que se preze, nossos protagonistas tem boas referências e ótimas lembranças com bons livros que os ajudam a escrever a própria historia. 



Não chega aos pés da sensação primorosa de imaginar tal narração, mas uma ótima opção, é a versão em filme; que apesar demorar um pouco pra "engatar", é fantástica. Visa bastante os detalhes nos cenários e valoriza muito pequenas coisas que dão uma grande diferença, como olhares entre os personagens.

Pra não me alongar mais, deixo a frase de George Mèliés: "Venham e sonhem comigo".